quinta-feira, 30 de agosto de 2012

vinte e um


na madrugada insossa
a cor se esvai
por entre sombras negras

virulento, o vento frio
corrói a praça
cagada por pombos
e fedida com seus mendigos
molhados de chuva

maledicente, uma puta
daquelas que diz
“pede a teu pai que eu te dô”
atravessa a praça

não há marquise que pague seu preço
nem nas margens do Tietê
nem no Porto da Barra
nem praia de Copacabana

mas Míriam vive e trabalha
nessa mesma noite suja
com seu pênis de vinte e um centímetros
com seus sonhos de cirugia plástica

memória de vida passada em signisciência